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Segundo Capítulo

01-05-2012 20:22

 

Amor

      Desculpem. Tenho de parar de vos contar a minha história, está-me a falar o ar…

      Ainda estou na Terra felizmente…

     “Continuando; existe aquela fase da adolescência em que nos damos conta de que somos umas criancinhas e que actualizamos os nossos pensamentos.

      Não há bem nem mal. Há um caminho e há outro. Um que nos encurta a vida, outro não.

      A partir dos treze comecei a despreocupar-me com qual deles seguiria e simplesmente deixar-me levar.

 

      John era o aluno mais giro da escola e apesar de não tirar muito boas notas por não ser português eu aproximei-me dele.

      A verdade é que já tinha namorado para aí uns vinte rapazes da escola e sentia-me muito à vontade como sempre.

      -Queres vir comigo a “uma” bar logo à noite? – Perguntou ele num dia de aulas.

       -Se tu falares como deve de ser, talvez. – Respondi eu apressadamente antes da aula de matemática.

     -Hoje não, amanhã nós temos teste – acabei por lhe dizer eu mais tarde – sexta à meia-noite eu estou lá.

     -“Ok” – aceitou ele.

      Era finalmente sexta-feira e eu e eu encaminhei-me para o bar estrela- cadente e procurei John.

      Estava sentado com uma cerveja na mão a conversar com uma rapariga.

      -Olá – disse eu sentando-me entre ele e a rapariga.

      -“Hello”. Queres uma cerveja?

      -Agradecia. – pedi eu virando de seguida a minha atenção para a rapariga que estava sentada ao meu lado direito. Criei uma certa antipatia com ela desde a primeira vez que a vi.

      -Oi – disse eu esforçando um vago sorriso perante aquele rosto bonito mas sonso.

      -Olá, como é que te chamas?

      -Teresa. Já conheceste o John, certo?

      -Rita. Sim, é um bom tipo. É o teu…

      -Sim. – Explodi eu, apesar de aquilo não ser bem verdade.

      -A sério? Ele não disse que tinha namorada permanente.

      -Permanente? – Ironizei eu com o ódio estampado na cara – Pois tu deves pensar, com a tua experiência, que nenhum rapaz é fiel à companheira.

      -Há! Há! Há! Por acaso eu conheço o John de outra noite que eu cá vim, não falámos, o que aconteceu é que estávamos sentados um ao lado do outro e simplesmente começámos a pagar copos um ao outro e ele levou-me para sua casa. Quando acordei estava na cama entre os braços dele. Ops! Ou vocês começaram à muito pouco tempo ou o teu fofinho traio-te.

      -Obrigada por dizeres tu que és uma…ca-coisa que não posso dizer! Mas dou-te uma pista, essa coisa bale.

      Virei-me para o John.

      -Espero que ela não tenha ficado grávida!- disse eu bem alto e chegando o meu dedo à cara de aquela criatura.

      A verdade é que no tempo daquela curta conversa já não sentia o meu lado consciente muito desperto por causa da bebida.

      Levantei-me com dificuldade e a cambalear fui para a rua. Agarrei-me à porta e respirei fundo. “Fiz asneira” – pensei – “Mas não vou voltar a entrar”.

      Fui simplesmente andando pela rua até que avistei um jardim.

      O jardim era pequeno e bastante acolhedor sentei-me a olhar para o céu estrelado.

      -Sou uma desilusão…- murmurei entre suspiros- O que vai dizer a minha mãe quando chegar tão tarde a casa?

      Aparecendo quase como que por magia avistei ao longe um vulto. Vinha na minha direcção.

      O vulto aproximou-se e eu tentei ver se este me parecia em “bom estado” e na verdade estava.

      Era rapaz, trazia um casaco de cabedal e tinha um aspecto bastante normal. Na verdade pode-se dizer que era lindo. Tinha uns olhos muito castanhos e uma expressão matreira mas harmoniosa que lhe trazia uma certa graça à cara.

      Parecia nem dar por mim e não hesitou em sentar-se ao meu lado.

      Levantei-me mas este agarrou o meu braço.

      Olhei para trás ele fitava-me com os olhos, eram tão profundos, tão sinceros…

      -Não vá - disse ele.

      Não sei bem por quê mas a tremer sentei-me ao lado do jovenzinho sem o olhar nos olhos.

      -Dário.

      -Esse nome existe? – gozei eu continuando a tremer e a olhar para o chão, estava com um certo frio, mais psicológico do que qualquer outra coisa. – Teresa.

      -Desculpa aparecer assim, mas preciso de desabafar.

      Olhei para os seus olhos, brilhavam como duas fogueiras em brasa agora.

      -Sabes, acho que eu também… Mas não fiques já a pensar que o mundo é um conto de fadas, que tu és o príncipe encantado e eu a princesa. Só não me vou embora desaparecendo imediatamente numa nuvenzinha de fumo porque já ‘tou um bocado com os copos.

      -Adivinhei que também precisavas de desabafar! Quando era puto e os meus pais discutiam vinha sempre para aqui. Na noite em que se separaram vim a correr e pensei seriamente em deixar-me morrer à fome, era um cobardolas. A morte deve ser o destino, não uma decisão. Os gritos dos meus pais ecoavam-me pela cabeça toda a noite e todo o dia. O compromisso só devia poder ser finalizado pelo submundo, não por uma discussão.

       -Pois… Podes começar a desabafar.

       -Já amaste alguém? – Questionou Dário.

       -Mais ou menos.

       -Sabes… Amar é como se o teu coração salta-se-te do corpo e ficasse preso a alguém. Quando essa pessoa se afasta sentes uma dor intensa no teu peito solitário, a essa dor o homem chama saudade. Mas se há coisa pior que a saudade é a traição. Nesse caso, o teu coração esfomeado por não conseguir encontrar o amor que o alimenta na pessoa que amas volta e dá-te uma trinca.

       Era demais, aquela comparação, não resisti em dar uma gargalhada. Aquelas palavras na minha ingénua juventude pareciam só um monte de vocábulos que eu tinha de pedir a alguém para traduzir para linguagem decente.

       -Porque é que te ris?

       -Não sei… Esquece.

       Nos dias de hoje as coisas são assim, palavras que tornariam o destino mais honesto transformam-se num “esquece” e inexplicavelmente aceitadas naquele formato tão longe do original.”

       -Deus meu! – Murmurou a enfermeira que acabara de entrar num tom esganiçado típico de mulher.- A gente a morrer aqui à nossa frente e nós sem podermos fazer nada. Não gosto disto, na verdade não gosto nada, nada disto…

       Ficava sempre desiludida quando alguém entrava no quarto, esperava sempre encontrar as serenas faces de Dário, a cara sempre embeiçada de Jéssica e do irmão atrás dela… Queria vê-lo especialmente a ele… Ao meu querido Manuel… Bem… Acho que com ele não vai ser ele a ir ter comigo mas eu a ir ter com ele. Sinceramente talvez até queira ir ter com ele… Talvez a felicidade reine lá em cima. Quem sabe.

Primeiro Capítulo

06-04-2012 12:47

 

Nome da Obra

A Seguir à Primeira vem A Segunda Parte da Vida

 

Nome do capítulo

Dor

 

       

 

Dor

        Hoje; não tenho amigos; hoje; não tenho emprego; hoje; tento não ceder à morte tudo por o que fiz “ontem”.

         A minha vida é como um pesadelo, consigo pensar, mas não falar. Estou em coma. Quero acordar.

        Tenho vinte, quero viver o que ainda não vivi. Apetece-me gritar. Sofro como nunca sofri, porque escolhi um mau caminho.

        Quando era miúda costumava ter pesadelos durante a noite mas depois acordava e ia pedir consolo á minha mãe. Agora não posso acordar, muito menos ir pedir consolo a alguém que ame verdadeiramente.

       Troquei tudo o que tinha por álcool, dinheiro e droga. Arrependo-me verdadeiramente.

             Gente com azar a morrer por aí com cancro e doenças graves e eu aqui com uma oportunidade de vida simplesmente óptima.

      A minha história podia ter sido bela mas fala de erros atrás de erros que eu cometi. Maior parte das pessoas tentam não errar à segunda, mas eu desci ao nível de nem considerar os meus actos maus.

     Só agora é que me apercebo que toda esta história foi uma grande lição o problema é que foi fatal, não posso recuperar.

     “-Mamã? – Perguntei eu certo dia de Primavera quando eu era uma criança. – O que está aquele senhor a fazer?

      -Uma coisa má.

      -Mas o quê?

       -A fumar.

      -E para que é que isso serve?

      -Para fazer as pessoas ficarem doentes.

      -Então porque é que aquele senhor o está a fazer?

      -Quando fores mais crescida explico-te. Mas é muito mau.

      Desde esse dia que, por causa da fácil influência das crianças que eu olhava indignada para drogados, bêbados entre outros casos de pessoas que a mamã dizia serem más.

      Na verdade, nunca pensei que pode-se ser simplesmente uma fuga cobarde aos nossos problemas e olhei sempre para estas pessoas como seres que se queriam divertir á custa dos seu órgãos e da sua saúde.”

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